O agronegócio brasileiro, conhecido como um dos principais alicerces da economia do país, tem uma presença limitada no sistema de tributação simplificada, o Simples Nacional.
Recentemente, o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) divulgou um estudo que evidencia esse cenário. Segundo os dados apresentados, apenas 2,2% das empresas registradas no Simples Nacional são do setor agropecuário, somando cerca de 403 mil empresas.
Carlos Pinto, diretor de Negócios do IBPT, comenta que esse número reflete uma realidade já conhecida: muitos produtores rurais preferem operar como pessoa física ou em empresas com faturamento superior a R$ 4,8 milhões anuais.
Isso sugere que o sistema do Simples Nacional não atende às necessidades de uma parte significativa dos empreendedores do campo, resultando em uma baixa adesão.
Produtores preferem agir como pessoa física ou em empresas com faturamento superior a R$ 4,8 milhões anuais. – imagem: Freepik/Reprodução
Perfil das empresas agro no Simples Nacional
A pesquisa revela que a maioria das empresas do setor agro registradas no Simples Nacional é de pequeno porte. Dentre elas, 65,19% são Microempreendedores Individuais (MEI), 18,21% são Microempresas e 16,60% se enquadram como Pequenas Empresas. Esse perfil reflete um setor composto majoritariamente por empreendimentos de menor escala.
Além disso, mais de 70% dessas empresas têm até cinco anos de atividade, destacando a constante renovação no setor. Em apenas dois anos, o número de novas empresas fundadas chegou a 182 mil, evidenciando a dinâmica e o potencial de crescimento do segmento agro no Simples Nacional.
Distribuição regional e estados mais representativos
O estudo também analisou a distribuição das empresas agro pelo Brasil. As regiões Sudeste e Sul concentram a maior parte dessas empresas, contabilizando 191.362 no Sudeste e 77.272 no Sul. São Paulo se destaca como o estado líder, com 90.746 empresas, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Os municípios com maior concentração de empresas agro no sistema são São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Na capital paulista, há 20.873 empresas, representando 5,18% do total. Esses números refletem a importância dessas áreas tanto na produção quanto na comercialização de produtos agrícolas.
Entre os segmentos agro no Simples Nacional, o de Alimentos, Bebidas e Fumo é o mais representativo, com 300.339 empresas. Já o setor de Agricultura, Pecuária e Cooperativas conta com 102.767 empresas. Essa divisão aponta para a diversificação do agronegócio e sua relevância em diferentes áreas de atuação.
A análise do IBPT traz à tona uma visão clara sobre o papel do agro no sistema de tributação simplificada. Embora numericamente pequeno em relação ao total, o setor apresenta características de renovação e concentração significativas, especialmente em regiões economicamente relevantes.
Essa situação sugere potenciais áreas de crescimento e ajustes necessários para melhorar a adesão ao Simples Nacional.