Café é uma paixão mundial e, para os brasileiros, uma tradição quase sagrada. O país é responsável por uma significativa parcela da produção global. No entanto, os amantes dessa bebida têm sentido o aumento de preço, tanto em território nacional quanto internacional.
Uma xícara de café em Londres pode custar quase 5 libras (aproximadamente R$ 36), enquanto em Nova York, o valor chega a 7 dólares (cerca de R$ 38). Segundo especialistas consultados pela BBC, o preço dos grãos não torrados atingiu níveis históricos, e as causas vão além do Brasil.
A Organização Internacional do Café relata que os estoques globais estão quase esgotados. O Brasil, maior produtor mundial, viu suas plantações serem afetadas por uma geada inesperada em 2021, seguida de secas prolongadas. Essa combinação reduziu a produção e elevou os preços.
Como as mudanças climáticas no Brasil afetaram o preço do café internacionalmente – Imagem: barmalini/Shutterstock
O Brasil e o impacto climático
Em 2021, regiões de Minas Gerais, São Paulo e Paraná sofreram com geadas, prejudicando a produção. Minas Gerais, responsável por mais de 50% do café brasileiro, foi uma das áreas mais afetadas. Além disso, a falta de chuvas nos anos subsequentes agravou a situação.
Com a produção brasileira em declínio, o mercado voltou-se para o Vietnã, segundo maior produtor. Contudo, o país também sofreu com secas severas, levando seus agricultores a optarem por culturas mais resistentes, como a durian, em detrimento do café.
Vietnã e a mudança para a durian
A durian, fruta de cheiro peculiar, ganhou popularidade no mercado asiático. No Vietnã, as exportações dessa fruta para a China quase dobraram entre 2023 e 2024. Enquanto isso, as exportações de café caíram drasticamente, em até 50% em junho, comparadas ao ano anterior.
- Dificuldades para suprir a demanda foram enfrentadas por produtores de café na Colômbia, Etiópia, Peru e Uganda.
- A falta de produção suficiente gerou um aumento de preços global.
Esperança: a próxima safra brasileira
Apesar dos desafios, há esperança de que a próxima safra brasileira possa estabilizar o mercado. Uma boa colheita, dependente de chuvas adequadas, poderia reabastecer os estoques e reduzir os preços. No entanto, a incerteza climática continua sendo uma barreira.
Nenhum país ou cultura específica é culpado pelas dificuldades enfrentadas desde a geada de 2021. O fator determinante tem sido, sobretudo, as mudanças climáticas globais. O futuro dos preços do café, por ora, permanece nas mãos do clima.
Supremacia brasileira no mercado mundial de café
O Brasil, há mais de um século, ocupa a posição de maior produtor de café. A importância do nosso país nesse mercado é inegável, influenciando preços, qualidade e tendências de consumo de forma global.
Com condições climáticas e solos propícios para a cafeicultura, o Brasil detém uma produção diversificada, que abrange desde o café arábica, reconhecido por sua qualidade e aroma, até o robusta, mais utilizado em blends e cafés instantâneos.
Essa posição de destaque garante ao Brasil um papel fundamental na economia global, gerando empregos e divisas, além de fortalecer a imagem do país como um celeiro agrícola mundial.
*Com informações da BBC.