O cenário da pecuária de corte no Brasil é repleto de desafios e decisões estratégicas. Uma questão importante para os pecuaristas é escolher entre machos e fêmeas cruzados visando à maximização de lucros. Com a demanda por carne de qualidade em alta, entender detalhadamente essas diferenças se tornou essencial.
Roberto Barcellos, renomado especialista em produção de carne, compartilha suas análises sobre o tema, destacando o impacto da eficiência biológica e as condições do mercado. Neste contexto, Barcellos levanta a discussão sobre qual lote oferece maior retorno financeiro ao produtor: machos ou fêmeas cruzados?
Avaliação dos lotes: machos vs. fêmeas
Foto: Korneliia Lutso/Shutterstock
Os lotes analisados por Barcellos são compostos por animais com 50% de genes Nelore e 50% Angus, todos irmãos e da mesma origem.
O lote A é de machos, enquanto o lote B é de fêmeas. Cada grupo apresenta características distintas que impactam na lucratividade.
Detalhes técnicos:
- Machos Inteiros: rendimento de carcaça de 56,81%, peso da carcaça de 21,25@, eficiência biológica de 140 kg MS/@.
- Fêmeas: rendimento de carcaça de 54,07%, peso da carcaça de 16,22@, eficiência biológica de 180 kg MS/@.
Os machos destacam-se por produzirem carne commodity com boa eficiência biológica. As fêmeas, por outro lado, oferecem carne de alta qualidade, recebendo bonificações entre 6% e 10% em relação à arroba de R$ 270, mas ainda enfrentam custos adicionais.
Na eficiência, machos consomem menos matéria seca para produzir uma arroba, resultando em custos menores. Já as fêmeas precisam de 40 kg extras de matéria seca, gerando um custo adicional de R$ 40 por arroba.
Considerações do especialista
Barcellos sugere que, para tornar a carne de fêmeas atrativa, a bonificação deve cobrir a diferença de eficiência. Atualmente, a diferença de preços não incentiva a produção de carne de alta qualidade. Ele aponta a necessidade de contratos específicos para essa categoria.
A escolha entre machos ou fêmeas deve considerar os objetivos do pecuarista. Se a meta é eficiência e rentabilidade, os machos são mais vantajosos. Já a produção premium das fêmeas pode trazer benefícios financeiros em um mercado em transformação.