A crescente conscientização ambiental levou muitas cidades a adotar o reflorestamento como estratégia para melhorar a qualidade do ar.
No entanto, um estudo recente aponta que essa prática pode ter efeitos indesejados. Pesquisadores da Universidade da Cidade de Nova York, da Universidade de Columbia e da Universidade de Stony Brook analisaram o impacto desse processo na qualidade do ar urbano.
Utilizando Nova Iorque como exemplo, os estudiosos investigaram a contribuição das árvores para a emissão de compostos orgânicos voláteis, como o isopreno, que pode reagir com poluentes e gerar ozônio. Apesar das intenções de aumentar a cobertura arbórea para 30%, os resultados indicam riscos potenciais.
O estudo e seus resultados
Publicado na Environmental Science & Technology, o estudo utilizou o modelo MEGAN para estimar, com alta resolução, as emissões de isopreno em diferentes cenários de cobertura vegetal.
A análise projetou um aumento significativo nas emissões em Manhattan, destacando o papel das espécies arbóreas, como carvalhos e eucaliptos, que liberam altos níveis de isopreno.
A pesquisa revelou que, com um aumento na arborização, os níveis de ozônio poderiam subir até 30%, ultrapassando os limites saudáveis. Isso ocorre devido à interação entre isopreno e óxido de nitrogênio (NOx), um poluente industrial.
Em outras palavras, os resultados do estudo deixam clara a necessidade de considerar a poluição de NOx ao planejar o reflorestamento.
Se feito inadequadamente, o reflorestamento urbano pode piorar a qualidade do ar nas cidades – Imagem: reprodução
Avaliação crítica e perspectivas futuras
Embora os resultados sejam alarmantes, os pesquisadores ressaltam os múltiplos benefícios das árvores, como a captura de CO₂ e a mitigação de ilhas de calor urbanas.
Segundo Róisín Commane, as árvores, em si, não são as vilãs da poluição; o problema reside no NOx resultante da combustão fóssil. Portanto, pode ser eficaz:
- Reduzir as emissões de NOx para mitigar a formação de ozônio;
- Escolher espécies arbóreas que emitam menos isopreno, como nogueira-do-japão e tília;
- Implementar uma abordagem holística ao planejamento urbano, integrando dados precisos sobre a cobertura e composição vegetal.
O estudo, financiado pela NOAA e NYSERDA, destaca a necessidade de estratégias ambientais integradas para garantir que iniciativas de reflorestamento realmente beneficiem a qualidade do ar urbano.
A longo prazo, a solução passa por reduzir significativamente as emissões de poluentes industriais.