Desde tempos antigos, os povos atribuem a capacidade de prever o clima a diversos animais. Tradições e lendas populares ilustram essa crença, sustentada por observações e experiências ao longo dos anos.
Exemplos notórios envolvem marmotas nos Estados Unidos e “profetas da chuva” no Brasil. O “Dia da Marmota”, celebrado anualmente nos Estados Unidos, é um exemplo de como animais são incorporados na cultura popular como indicadores climáticos.
No Brasil, particularmente no semiárido, existe uma tradição de “profetas da chuva”. Eles interpretam sinais da natureza, como o comportamento de aves e plantas, para prever as chuvas, um conhecimento passado através de gerações.
Entretanto, na maioria das vezes, as previsões desses animais são imprecisas ou podem estar erradas. Mas existe um fator científico por trás dessas crenças, ou não passam de superstição? Entenda melhor a seguir.
Fenologia: a ciência por trás das previsões naturais
Fenologia é o estudo que analisa como plantas e animais respondem às mudanças sazonais e climáticas.
A Rede Nacional de Fenologia dos Estados Unidos observa, por exemplo, como os marcadores da primavera se manifestam, oferecendo respaldo científico às antigas crenças populares.
Theresa Crimmins, diretora da rede, afirma, em publicação original da CNN Brasil, que práticas centenárias capturam as relações entre flora, fauna e o clima. Embora animais como a marmota não sejam previsores confiáveis, a fenologia demonstra que outros fenômenos naturais têm base científica.
Plantas, como o shadblow serviceberry, são exemplos de como a fenologia identifica padrões. Este arbusto floresce junto com a migração dos peixes-sombra, um fenômeno observado por nativos americanos para prever eventos naturais.
Alguns comportamentos animais sugerem que eles preveem a chuva e eventos climáticos extremos – Imagem: Freepik/reprodução
O papel dos animais em prever desastres naturais
Estudos sugerem que alguns animais podem detectar desastres iminentes. Aves migratórias, como as toutinegras-de-asa-dourada, já foram vistas abandonando áreas antes de tornados, reagindo a “infrassons” inaudíveis aos humanos.
Pesquisas na Alemanha mostram que animais diversos aumentam sua atividade antes de terremotos, indicando uma percepção antecipada dos eventos.
Por outro lado, está comprovado que insetos como grilos podem indicar mudanças de temperatura. A fórmula de Dolbear correlaciona a frequência dos chilreios dos grilos com o clima. Os sapos, por sua vez, emitem vocalizações específicas antes das chuvas.
Mudanças climáticas e a adaptação animal
De qualquer forma, fica claro que as alterações no clima afetam o comportamento animal. Ursos, por exemplo, têm padrões de hibernação alterados pelo aquecimento global, gerando preocupações sobre sua reprodução e interação com humanos.
A crise climática influencia as previsões baseadas em sinais naturais, como observado pelos profetas da chuva do semiárido brasileiro. Adaptações nos métodos de previsão desses seres são necessárias para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças ambientais.
Embora a crença de que os animais possam “avisar” sobre tempestades ou mesmo “cantar a bola”, indicando que a chuva está vindo, seja um tanto quanto imprecisa, é um fato científico que diferentes espécies têm percepções interessantemente precisas sobre o clima.
*Com informações da CNN Brasil