Nos últimos dez anos, a piscicultura no Brasil destacou-se por sua notável expansão, registrando um crescimento anual de 10%. Em 2023, o país produziu impressionantes 887.029 toneladas de peixes de cultivo, um aumento de 3,1% em relação ao ano anterior.
Essa trajetória ascendente posicionou o Brasil entre os maiores produtores mundiais, principalmente de tilápia. No entanto, o setor enfrenta desafios significativos, como a falta de industrialização e de políticas sanitárias eficazes, que ameaçam a continuidade desse crescimento.
Fundada em outubro de 2014, a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) desempenhou papel crucial nesse panorama ao longo da última década.
Sob a liderança de Francisco Medeiros, a associação impulsionou melhorias no processo produtivo e no abate nas agroindústrias, contribuindo para o avanço da piscicultura nacional.
Avanço e desafios regionais
O Oeste do Paraná se destaca como o maior polo de piscicultura do Brasil, servindo de exemplo para outras regiões, como os Grandes Lagos (SP) e o Triângulo Mineiro (MG). Tecnologias de ponta e alta produtividade concentram-se nesta área, inspirando outros estados.
A tilápia, responsável por mais de 65% da produção nacional, registra um crescimento de 10,2% ao ano. Sua condição de commodity internacional facilita o intercâmbio de informações e tecnologia, fomentando o interesse de empresas em saúde animal e genética.
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Mercado interno e externo
No mercado internacional, o Brasil é o quarto maior produtor de tilápia, exportando para mais de 40 países. Os Estados Unidos e o Canadá são os principais destinos das exportações.
No entanto, a logística representa um desafio, com limitações no transporte aéreo e na liberação de certificados de exportação.
Em 2023, as exportações cresceram 48%, mas o foco ainda recai sobre o mercado interno. A taxa de consumo per capita brasileira, de 9 kg/habitante/ano, permanece baixa comparada à média global de 20 kg/habitante/ano.
Peixes nativos e desafios estruturais
Enquanto a tilápia prospera, os peixes nativos enfrentam estagnação. A produção dessas espécies retraiu 13% nos últimos sete anos, evidenciando a necessidade de investimentos em industrialização, genética e políticas sanitárias.
Exemplos como Morada Nova de Minas e Rondônia ilustram esses desafios estruturais, com diferenças marcantes na capacidade de processamento e industrialização.
A expectativa para a divulgação dos números da piscicultura em 2024 é otimista, com previsões de um crescimento significativo na produção de peixes de cultivo. A gestão eficiente e a adaptação às condições climáticas são fundamentais para manter a rentabilidade no setor.
Francisco Medeiros ressalta a importância de novas tecnologias e vacinas para enfrentar desafios sanitários, especialmente o vírus TiLV. A previsão é de que o Brasil consolide ainda mais sua posição global no mercado de piscicultura.
O futuro da piscicultura brasileira depende de uma gestão eficiente e de investimentos estratégicos, garantindo a sustentabilidade e a competitividade do setor no cenário internacional.