O cenário do agronegócio brasileiro ganha novo fôlego com o recente anúncio da Comissão Europeia. A decisão de adiar a implementação da “Lei Antidesmatamento” trouxe alívio, mas ainda requer aprovação do Parlamento Europeu. Esse movimento reflete pressões internas e externas, especialmente de exportadores de países como o Brasil.
A avaliação feita por André Nassar, da Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (Abiove), destaca que a Comissão Europeia precisou considerar os riscos internos antes de avançar.
A pressão dos importadores e produtores europeus também foi determinante para este adiamento, segundo executivos brasileiros.
“A Comissão decidiu pedir a postergação porque ela não teve capacidade de colocar os meios [para o cumprimento] e porque a pressão interna era enorme. A Comissão concluiu que precisa fazer a análise de riscos dos países europeus primeiro para mitiga-lo e com isso baixar a pressão”, disse André Nassar.
Na visão de Caio Carvalho, da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a lei compromete a competitividade dos produtores europeus.
A exigência de conformidade pode aumentar os custos, afetando principalmente o setor alimentar, e gerando receios de escassez.
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Lei Antidesmatamento: pressão ainda existe
Embora o adiamento traga certo alívio ao Brasil, os produtores ainda se preocupam com a complexidade das regras impostas. As exigências extrapolam a legislação nacional, gerando debates sobre ingerência nas políticas locais de desmatamento. A expectativa é que a pressão internacional leve a ajustes na legislação.
A proximidade da vigência da lei já impulsionou a comercialização antecipada de commodities, como café e carne bovina. Essa corrida pode gerar gargalos logísticos nos portos no final do ano. Embora a lei exija comprovação de origem das mercadorias desde 2020, os detalhes do processo permanecem nebulosos.
O adiamento da Lei Antidesmatamento, ainda pendente de aprovação parlamentar, oferece uma pausa estratégica para os envolvidos. Contudo, isso não significa a desistência da União Europeia em sua implementação. O debate continua, com países como Brasil e Alemanha pleiteando mais tempo para adaptação.