Uma iniciativa científica de destaque trouxe à vida uma árvore outrora extinta, a partir de uma semente com 1.000 anos, escavada no deserto da Judeia, revelando antigas conexões bíblicas.
O estudo, liderado pela Dra. Sarah Sallon e publicado na revista Communications Biology em 10 de setembro, destaca como essa descoberta pode ter ligações com o bálsamo curativo mencionado na Bíblia e outros textos históricos.
A semente, encontrada na década de 1980 durante escavações em Wadi el-Makkuk, ao norte de Jerusalém, foi identificada como estando em perfeitas condições.
A equipe de Sallon, com a colaboração da Dra. Elaine Solowey, utilizou técnicas sofisticadas para germinar a semente, que após cinco semanas deu origem a um broto promissor.
Essa árvore, apelidada de “Sheba”, representa uma janela para o passado. Dra. Sallon considera a nova árvore uma possível fonte do “tsori”, um bálsamo medicinal mencionado nos textos bíblicos.
Este bálsamo, associado à região de Gileade, ao norte do Mar Morto, é conhecido por suas propriedades curativas. O estudo revelou ainda que a árvore pertence ao gênero Commiphora, mas não coincide com nenhuma espécie conhecida, sugerindo um táxon extinto.
Método de germinação e pesquisa
Dra. Sarah Sallon, com “Sheba” quando a árvore ainda era um broto, seis meses após sua germinação – Imagem: Guy Eisner/reprodução
Para que a semente antiga germinasse, a equipe usou uma abordagem inovadora, envolvendo hormônios e fertilizantes, seguida de plantio em solo estéril.
Este método foi anteriormente aplicado em sementes de tamareiras pelo Instituto Arava de Estudos Ambientais em Israel. Uma análise genética confirmou a árvore como um tipo não identificado de Commiphora. Essa análise envolveu:
- Datação por radiocarbono, que revelou que a semente data entre 993 e 1202 d.C;
- Sequenciamento de DNA, que mostrou uma impressão genética única;
- Análises fitoquímicas, que revelaram compostos medicinais, mas sem aroma característico.
Embora a árvore resultante do experimento já tenha mais de 14 anos e próximo de 3 metros, ainda não produziu flores ou frutos, tornando complicada a identificação precisa da espécie. Essa falta de características visuais atrasa a confirmação de sua identidade específica.
Implicações e futuro da pesquisa
Sallon conclui que, embora não seja o bálsamo da Judeia, “Sheba” é um parente próximo com propriedades medicinais significativas. A pesquisa oferece esperança sobre a conservação de sementes e a capacidade de reviver espécies extintas.
A britânica Louise Colville, doutora em biologia e pesquisadora que não fez parte da pesquisa diretamente, destaca a raridade de sementes com tal longevidade. Este projeto reforça a importância dos bancos de sementes, preservando espécies para futuros estudos e possíveis “ressurreições” como esta.