Recentes escavações no norte do Marrocos revelaram vestígios de uma sociedade agrícola que desafiam as teorias estabelecidas sobre o povoamento da região há 5 mil anos.
Os achados indicam que o norte da África, ao contrário do que se pensava, abrigava comunidades agrícolas e não apenas nômades por volta de 3 mil a.C.
A descoberta ocorreu no sítio arqueológico de Oued Beht, conhecido desde a década de 1930, mas até então não explorado em profundidade.
Pesquisadores encontraram cabeças de machado e cerâmicas pintadas, sugerindo a presença de uma sociedade organizada e agrícola.
Um assentamento comparável a Tróia
Localização geográfica do sítio arqueológico de Qued Beht – Imagem: Toby Wilkinson/Antiquity/reprodução
De acordo com os arqueólogos, o assentamento abrigava centenas de pessoas e poderia ser comparado em tamanho a Tróia, na Grécia, durante a Idade do Bronze. Essa comunidade não apenas cultivava a terra, mas também estabelecia comércio com povos do Mediterrâneo.
Datações por radiocarbono identificaram que o local foi ocupado entre 3400 e 2900 a.C., época em que essa sociedade já praticava agricultura e pecuária. Foram encontrados restos de ovelhas, cabras, porcos e gado.
Até então, acreditava-se que o norte da África era habitado apenas por caçadores-coletores. Essa descoberta, porém, prova a presença de uma sociedade agrícola avançada no período.
Os pesquisadores acreditam que esta seja apenas a ponta de mais descobertas. A região foi subestimada por décadas, e futuros estudos podem revelar mais sobre as origens da civilização africana.
Artefatos encontrados no local – Imagem: Rafael Laoutari, Rafael Martínez Sánchez e Moad Radi/Antiquity
Próximos passos na pesquisa
A equipe planeja novas escavações para aprofundar o entendimento sobre essa sociedade. Acredita-se que mais informações sobre a migração e interação entre povos antigos possam ser desvendadas.
Com esses avanços, o entendimento da história do norte africano pode ser radicalmente transformado, revelando um passado mais complexo e diversificado do que antes se imaginava.
* Com informações do Olhar Digital.
