Pesquisadores do Instituto Max Planck de Pesquisa em Melhoramento de Plantas anunciaram uma técnica revolucionária que permite a criação de plantas híbridas com vantagens genéticas preservadas por gerações. A novidade promete transformar a agricultura, especialmente em tempos de crises climáticas.
Esses híbridos, que resultam do cruzamento de variedades de uma mesma espécie, apresentam alta robustez e crescimento acelerado. Contudo, até agora, suas características vantajosas se perdiam na geração seguinte.
A nova técnica pretende mudar esse cenário, facilitando a produção de culturas altamente produtivas e resistentes por longos períodos.
A técnica envolve a criação de plantas com quatro conjuntos de cromossomos, em vez de dois, aumentando sua capacidade de alimentar a crescente população mundial. Esta inovação surge como uma alternativa promissora para garantir a segurança alimentar em um futuro desafiador.
Heterose: o segredo por trás dos híbridos
No século XVIII, Joseph Gottlieb Kölreuter observou pela primeira vez o efeito de heterose, quando híbridos de primeira geração se mostraram mais vigorosos que seus progenitores. Este fenômeno, essencial para a agricultura moderna, torna-se efêmero na geração seguinte.
Atualmente, cientistas do Instituto Max Planck buscam maneiras de perpetuar esse vigor híbrido por meio de reprodução clonal. A ideia é contornar a recombinação genética que ocorre durante a meiose, preservando as características vantajosas dos híbridos.
Raphaël Mercier, líder do Departamento de Biologia de Cromossomos, lidera os estudos que buscam a reprodução clonal de sementes híbridas. O processo envolve modificar a divisão celular, transformando a meiose em mitose, e, assim, formando células germinativas clonais.
Em 2016, o método MiMe, que substitui a meiose pela mitose, foi aplicado com sucesso em arroz. Em 2019, a ativação do gene BBM1 permitiu o desenvolvimento de embriões sem fertilização, provando a viabilidade da clonagem por sementes em plantas cultiváveis.
Culturas promissoras e desafios legais
Além do arroz, a técnica foi testada em tomates e agora é explorada em batatas. Contudo, a aplicação enfrenta barreiras legais, principalmente na União Europeia, onde as restrições a organismos geneticamente modificados são rigorosas.
Pesquisadores e legisladores discutem a modernização das leis de biotecnologia para facilitar o uso de técnicas inovadoras. Com a atualização das normas, o potencial dos híbridos clonais pode ser plenamente explorado, levando a uma agricultura mais eficiente e sustentável.