O café, presente nos lares e escritórios de todo o mundo, está passando por um aumento expressivo de preço que deve pesar no bolso do consumidor.
No dia 25 de setembro, os contratos futuros de sacas de café arábica na Bolsa Internacional de Commodities (ICE) de Londres alcançaram US$ 265 (cerca de R$ 1.400), o valor mais alto desde 2011.
Os efeitos da alta no Brasil são sentidos diretamente pelos consumidores. Dados do IPCA, a inflação medida pelo IBGE, mostram que o preço do café moído subiu 16,64% nos últimos 12 meses no país e o tradicional cafezinho ficou quase 10% mais caro.
A seca, que afeta os produtores brasileiros e internacionais, é apontada como a principal causa da disparada nas cotações.
Impactos no mercado brasileiro
O CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) revelou que a saca de 60 quilogramas do café robusto atingiu R$ 1.525 em setembro, registrando alta de 2% em relação ao mês anterior. Esse é o maior valor da série histórica de dois anos.
Já a saca de café arábica, com o mesmo peso, foi avaliada em R$ 1.507, um aumento de 4,07% em comparação a agosto.
Renato Garcia, pesquisador do CEPEA, explica que o café robusta, geralmente mais barato e considerado menos sofisticado que o arábica, passou a valer mais.
No Brasil, 66% da produção é de arábica, enquanto 34% é de robusta. A busca crescente por robusta no mercado mundial, no entanto, está mudando essa dinâmica.
Demanda vs. oferta
A demanda global por café continua alta, enquanto a oferta está em declínio devido às quebras de safra. O Brasil e o Vietnã, principais exportadores do produto, enfrentam problemas climáticos severos.
Em agosto, o Brasil exportou R$ 4,7 bilhões em café torrado, com uma variação de preço de 27% por tonelada, segundo o MDIC.
Segundo Alexandre Delara, fundador e CEO da consultoria Pine, as secas no Vietnã prejudicam as flores de café, essenciais para o início da safra, o que leva a um aumento nas exportações brasileiras. Essa situação eleva os preços do arábica devido à influência do robusta.
As queimadas e a seca também preocupam os produtores brasileiros. Garcia alerta que a recuperação da safra entre 2025 e 2026 será lenta, mantendo os preços elevados.
Até mesmo as cápsulas de café, com 50% de robusto e 50% de arábica, não estão imunes às variações no mercado.