No Brasil, o mel de abelhas sem ferrão alcança preços impressionantes, superando até mesmo o valor do ouro. O litro desse produto pode custar até R$ 1.300, enquanto o grama do ouro está ao redor de R$ 380. Esse mel, além de raro, é valorizado por suas propriedades medicinais.
A produção desse mel difere do comum, feito por abelhas Apis mellifera, pois é extraído de abelhas nativas da tribo Meliponini. Nativas de regiões tropicais e subtropicais, essas abelhas sem ferrão possuem uma diversidade inigualável. O Brasil concentra cerca de 250 das mais de 500 espécies existentes mundialmente.
Este tesouro nacional conquistou espaço na alta gastronomia. Chefs renomados, como Alex Atala, têm usado o mel em pratos refinados. A versatilidade do produto, com sabores, cheiros e cores diversos, torna-o uma iguaria cobiçada. A escassez e o método artesanal de produção também influenciam seu alto preço no mercado.
Qual o segredo do mel valioso?
Segundo a Embrapa, as colônias de abelhas sem ferrão possuem menos indivíduos em comparação com as africanizadas, o que limita a produção. Enquanto uma colmeia de Apis pode produzir 30 kg de mel anualmente, algumas nativas geram apenas 4 kg.
A jataí, abelha nativa comum no Brasil, exemplifica essa escassez. Produz apenas 300 a 500 ml de mel por ano, o que eleva seu valor para até dez vezes o do mel convencional. No mercado, 30 ml de mel de jataí custam R$ 39,90.
Historicamente, o mel de abelhas sem ferrão é apreciado por suas propriedades medicinais. Populações indígenas já utilizavam esse produto para tratar doenças de pele, catarata e problemas respiratórios. Estudos modernos confirmam sua eficácia antimicrobiana e cicatrizante.
Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará investigam o uso desse mel em tratamentos para feridas difíceis de cicatrizar, especialmente em diabéticos, utilizando mel da abelha jandaíra, originária da Caatinga.
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Impacto ecológico e agrícola
Além dos benefícios à saúde, as abelhas nativas são vitais para a biodiversidade dos biomas brasileiros. Elas polinizam entre 30% e 90% das espécies em biomas como a Mata Atlântica e o Pantanal. Sem elas, muitas plantas não se reproduziriam.
A polinização agrícola também se beneficia. Culturas como açaí, morango e café são naturalmente polinizadas por essas abelhas. A presença delas pode aumentar em até 400% a produção, como observado no açaí.
Ao comprar mel de abelhas sem ferrão, o consumidor adquire mais do que um alimento saudável. Contribui para a preservação da biodiversidade e apoia pequenos agricultores, que mantêm as florestas intactas e promovem uma atividade sustentável.