Em agosto deste ano, o preço do leite no Brasil registrou um aumento significativo, fechando a R$ 2,7607 o litro. Esse valor reflete um crescimento de 1,4% em comparação com julho e uma alta de 17,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Diversos fatores contribuíram para essa alta, e as queimadas que atingiram o país em setembro foram um dos principais.
A oferta de leite diminuiu, gerando um impacto direto no preço pago ao produtor. Analisemos mais detalhadamente os elementos envolvidos.
Fatores climáticos e de produção
Imagem: Freepik/Reprodução
Em maio, chuvas intensas e enchentes no Rio Grande do Sul afetaram as regiões produtoras. No Sudeste e no Centro-Oeste, o calor em agosto intensificou a entressafra, prejudicando a produção de leite. Esses eventos climáticos prejudicaram a oferta de lácteos.
Adicionalmente, as queimadas em setembro reduziram a disponibilidade de forragens, fundamentais para a alimentação animal. Isso elevou os custos de produção e comprometeu o bem-estar dos animais, agravando ainda mais a situação.
Queda nas importações e estoques baixos
Outro fator significativo foi a redução nas importações de leite. Em agosto, houve uma queda de 25,2% nas importações, totalizando 187,8 milhões de litros em equivalente leite, conforme dados da Secex compilados pelo Cepea.
Paralelamente, os estoques de lácteos nas indústrias não foram repostos conforme o esperado. O consumo manteve-se firme, mas os estoques caíram gradativamente, atingindo níveis abaixo do normal em setembro. Essa combinação de fatores sustentou o movimento de alta nos preços.
Índice de Captação Leiteira (ICAP-L)
O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea mostrou variações em diferentes estados. Em Minas Gerais, o índice cresceu 2,8%, enquanto em Goiás o aumento foi de apenas 1,5%. No geral, houve um avanço de 5% na “Média Brasil” entre julho e agosto.
Apesar desse crescimento, a produção leiteira não se recuperou conforme o previsto. O clima extremo e os altos custos de produção desestimularam a atividade, resultando em uma oferta menor do que a esperada.
No início de 2024, a expectativa era de que o preço do leite recuasse no terceiro trimestre. No entanto, esse cenário não se confirmou. A combinação de altas temperaturas, redução nas importações e impactos das queimadas manteve as cotações em alta.
À medida que avançamos para o final do ano, a tendência de alta nos preços do leite deve se manter. A oferta limitada e os elevados custos de produção continuarão a pressionar o mercado, influenciando diretamente o preço pago ao produtor.
Em conclusão, diversos fatores climáticos e de produção contribuíram para a alta no preço do leite no Brasil. As queimadas, a redução nas importações e a queda nos estoques são os principais elementos que sustentam esse cenário complexo.