A produção de tilápias no Brasil está em alerta devido à crescente ameaça do streptococcus agalactiae. Este patógeno tem causado surtos de estreptococose, os quais comprometem a saúde dos plantéis e impactam negativamente o desempenho zootécnico. As consequências são perdas econômicas significativas, principalmente devido à alta mortalidade dos peixes.
O médico-veterinário Henrique César Pereira Figueiredo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destacou esse problema durante o 3º Simpósio de Piscicultura do Oeste do Paraná. Segundo ele, a presença do patógeno é detectada em todas as regiões de cultivo de tilápia do país, exigindo uma abordagem estratégica para mitigação dos danos.
De acordo com Figueiredo, os sinais clínicos variam, mas a mortalidade nos lotes é um dos principais indícios da infecção. Além disso, problemas de desempenho zootécnico são frequentes entre as tilápias afetadas, reforçando a necessidade de ações preventivas eficazes.
Padrões epidemiológicos e desafios sanitários
Foto: bastera rusdi/Shutterstock
Os padrões epidemiológicos do streptococcus agalactiae estão mudando. Inicialmente, essa doença era associada ao verão, mas agora ocorre em diferentes épocas do ano. A faixa de temperatura a partir de 25ºC pode favorecer o surgimento dos casos, enfatizando a necessidade de vigilância contínua e medidas preventivas.
A estreptococose é mais comum em tanques-rede devido à facilidade de monitoramento em relação aos tanques escavados. Nos tanques-rede, há maior controle sobre o comportamento epidemiológico da doença, essencial para a implementação de planos sanitários eficazes.
No Brasil, os sorotipos Ib e III do streptococcus agalactiae são os mais prevalentes. Figueiredo enfatiza que a entrada de um novo sorotipo exige um ajuste no plano vacinal, demonstrando a importância da vigilância epidemiológica para a criação de vacinas eficazes.
Evolução das vacinas e desafios futuros
As vacinas são fundamentais na prevenção da estreptococose e devem ser constantemente atualizadas para proteger contra os sorotipos presentes. A indústria de vacinas tem trabalhado para oferecer suporte técnico e informações epidemiológicas precisas, essenciais para o sucesso dos programas sanitários.
O desenvolvimento de vacinas mistas enfrenta desafios devido à diversidade de patógenos e à variação regional dos surtos. Planos vacinais precisam ser ajustados ao perfil epidemiológico de cada região, o que demanda pesquisas contínuas e atualizações tecnológicas.
- Triângulo Mineiro: streptococcus agalactiae Ib, Lactococcus petauri, Francisella orientalis;
- Três Marias: streptococcus agalactiae Ib, streptococcus iniae, Francisella orientalis;
- Sul de Minas Gerais: Variação acentuada de patógenos;
- Goiás: streptococcus agalactiae Ib, Lactococcus petauri, streptococcus dysgalactiae;
- Paraná: streptococcus agalactiae Ib, Francisella orientalis;
- São Paulo: semelhante ao Triângulo Mineiro;
- Nordeste: streptococcus agalactiae Ib e III, Lactococcus petauri, streptococcus dysgalactiae.
A produção de tilápias no Brasil enfrenta desafios contínuos devido à variabilidade regional dos patógenos.
O desenvolvimento de vacinas avançadas e a vigilância epidemiológica são cruciais para garantir a sustentabilidade e segurança dos sistemas de produção aquícola no país.