Em um revés inesperado para o setor avícola, o Ministério da Agricultura anunciou a identificação de um foco da doença de Newcastle (DNC) em Anta Gorda, município do Rio Grande do Sul. O comunicado, feito em julho, levou a uma queda acentuada nas ações das empresas de proteína animal.
O último registro da doença no Brasil havia sido em 2006, conforme dados da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
A reação rápida do governo incluiu o abate das aves afetadas e a desinfecção do local infectado, seguindo o Plano de Contingência da Influenza Aviária e da Doença de Newcastle.
Além disso, uma investigação foi conduzida em um raio de 10 km ao redor da granja para garantir que o surto não se espalhasse para outros plantéis.
Características da doença
A doença de Newcastle é uma preocupação global por sua natureza viral, altamente contagiosa, afetando aves domésticas e silvestres.
Seus sintomas vão desde problemas respiratórios até manifestações nervosas e edemas, podendo ser fatal, dependendo da virulência do vírus.
A transmissão ocorre por meio de aerossóis e contato indireto com materiais contaminados.
“Dependendo da virulência da cepa viral, pode manifestar-se em diferentes graus de severidade, variando desde uma infecção subclínica, na qual os sintomas são inaparentes ou discretos, até uma doença fatal, que aparece repentinamente e resulta em alta mortalidade das aves”, detalha a Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo.
Impactos e perspectivas
Com a identificação do foco, era esperado que as exportações brasileiras de frango enfrentassem embargos temporários. Países como a China suspenderam as importações até que a situação seja normalizada.
O Rio Grande do Sul, terceiro maior exportador de carne de frango do Brasil, pode ter suas operações diretamente afetadas pela doença.
Em casos como este, empresas como BRF e Seara, grandes exportadoras do setor, podem enfrentar um excesso de oferta no mercado interno devido à limitação das exportações.
O Bradesco BBI destaca que as exportações para China e México, representando 15% do total de frango exportado, poderiam ser as mais impactadas. Enquanto isso, a diversificação da JBS tende a mitigar possíveis prejuízos.
As autoridades brasileiras estão em contato com seus parceiros internacionais para fornecer esclarecimentos e buscar soluções que minimizem os impactos.
O manejo eficaz do surto será crucial para evitar uma crise maior no setor avícola e manter a confiança dos mercados externos.