A Argentina enfrenta novamente a ameaça de nuvens de gafanhotos, fenômeno que preocupa tanto o governo quanto agricultores. O Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa) declarou, recentemente, estado de alerta fitossanitário para prevenir danos significativos à agricultura no país.
A recente detecção de gafanhotos nas províncias argentinas de Formosa, Salta, Santiago del Estero e Catamarca, além de regiões na Bolívia e no Paraguai, intensificou a preocupação. As condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento desses insetos contribuem para a urgência em ações preventivas.
Desde 2015, houve um ressurgimento significativo desses insetos na América do Sul, após seis décadas de controle. Em 2020, uma nuvem com 400 milhões de insetos causou danos em diversas províncias argentinas, resultando em operações de controle intensivas.
Entendendo as nuvens de gafanhoto
Essas nuvens são formações de grupos massivos de gafanhotos que podem atingir milhões de indivíduos. Embora geralmente sejam solitários, fatores como a falta de alimento ou aumento populacional os tornam gregários (propensos a viver em bando).
Em movimento, eles consomem grandes quantidades de vegetação, afetando gravemente a agricultura dos locais por onde passam.
Existem cerca de 400 espécies de gafanhotos, mas apenas 50 são nômades. Dessas, pouco mais de dez causam prejuízos à agricultura.
No Brasil, a espécie Rhammatocerus schistocercoides é a mais problemática, enquanto na Argentina, a Schistocerca cancellata é uma velha conhecida.
Impactos climáticos e econômicos
As mudanças climáticas, especialmente o aumento das temperaturas, são apontadas como responsáveis pelo rápido crescimento populacional dos gafanhotos. Esse fenômeno não se limita à América do Sul; regiões da África e Oriente Médio também enfrentam situações semelhantes.
A capacidade de dispersão dessas espécies, que pode chegar a 150 km por dia, aliada à sua voracidade, resulta em impactos econômicos significativos. Na Argentina, estima-se que os riscos à produção agrícola alcancem US$ 3,7 bilhões.
Medidas de controle e combate
O combate a essas nuvens é mais eficaz quando os gafanhotos ainda não se tornaram gregários. No entanto, uma vez formadas, as nuvens se tornam um desafio maior, por isso a importância de ações rápidas e eficientes para evitar que a situação se agrave.
Em operações anteriores, os pesticidas foram amplamente utilizados para controlar a população de gafanhotos, mas é essencial cautela para minimizar os riscos de contaminação ambiental.
Com os alertas atuais e as medidas preventivas adotadas, a expectativa é de que a Argentina consiga mitigar os impactos dessa praga. A contínua vigilância e o aprimoramento das estratégias de combate são fundamentais para enfrentar a ameaça das nuvens de gafanhotos na região.