Orquídeas são geralmente admiradas por sua beleza, delicadeza e cores vibrantes. No entanto, uma nova espécie encontrada em Madagascar está desafiando essa noção de estética floral.
Descoberta em 2020 e batizada de Gastrodia agnicellus, essa orquídea foi apelidada de “a orquídea mais feia do mundo” por sua aparência peculiar e menos atrativa.
Pesquisadores do Jardim Botânico Real de Kew (RBG Kew), no Reino Unido, a identificaram recentemente, acrescentando uma nova página à vasta diversidade do reino vegetal.
A estranheza da Gastrodia agnicellus
A Gastrodia agnicellus distingue-se imediatamente por suas características inusitadas. Ao contrário da maioria das orquídeas, que costumam ter folhas amplas e coloridas, essa espécie não possui folhas.
Em vez disso, ela cresce a partir de um caule peludo e tuberoso que se desenvolve sob a terra. Seu ciclo de vida é fascinante: a planta emerge do solo apenas para florescer ou produzir frutos, e muito do seu desenvolvimento ocorre subterraneamente.
A orquídea mais feia do mundo. – Imagem: Rick Burian/Royal Botanic Gardens, Kew
Os primeiros registros da orquídea foram encontrados em cápsulas de sementes, mas a equipe de Johan Hermans precisou investigar a região para localizar a planta, que estava camuflada entre folhas secas e parcialmente oculta na base de uma árvore.
Embora a beleza da Gastrodia agnicellus seja considerada subjetiva, Hermans a descreve como não muito atraente, com aparência de carne.
Diferentemente de muitas orquídeas que atraem polinizadores com odores desagradáveis, essa espécie emite um aroma cítrico e de rosas, destacando-se tanto esteticamente quanto nas interações ecológicas que influenciam sua evolução.
A descoberta da Gastrodia agnicellus faz parte de um esforço mais amplo do RBG Kew, que neste ano documentou cerca de 156 novas espécies de plantas e fungos.
Embora essa diversidade enfatize a riqueza da vida no planeta, os pesquisadores alertam que muitas dessas novas descobertas estão sob ameaça de extinção.
De acordo com a organização, aproximadamente 40% das espécies vegetais do mundo estão em risco devido a fatores como desmatamento, mudanças climáticas, introdução de espécies invasoras e atividades ilegais, como o tráfico de plantas.
Em um momento em que a biodiversidade enfrenta uma crise sem precedentes, com uma potencial sexta extinção em massa causada pela ação humana, a importância de cada nova descoberta, mesmo que considerada ‘feia’, torna-se ainda mais evidente.
Um comitê das Nações Unidas alertou que um milhão das oito milhões de espécies do planeta estão ameaçadas de extinção, destacando a necessidade urgente de ações eficazes para preservar o meio ambiente.