A previsão sobre o retorno do fenômeno climático La Niña em 2024 sofreu uma reavaliação. Um relatório da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos Estados Unidos revelou uma redução na probabilidade desse evento ocorrer até novembro, passando de 71% para 60%.
Desde o término do El Niño em junho, o Oceano Pacífico Equatorial tem se mantido em estado de neutralidade, sem alterações significativas nas temperaturas da superfície do mar. Este cenário tem gerado dúvidas sobre a volta do La Niña, que normalmente causa mudanças no clima global.
Segundo a NOAA, as condições atuais não favorecem o resfriamento das águas ou o fortalecimento dos ventos alísios, essenciais para o fenômeno. Apesar da possibilidade de um evento fraco de La Niña até março de 2025, os impactos climáticos convencionais devem ser reduzidos.
Incertezas na volta do La Niña
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Humberto Barbosa, meteorologista e fundador do Laboratório Lapis, considera que a probabilidade de 60% ainda é uma tendência modesta, trazendo incertezas sobre o futuro climático.
Segundo ele, para confirmar o retorno do La Niña, as temperaturas das águas precisam estar 0,5°C abaixo do normal por ao menos três meses consecutivos. Os modelos meteorológicos atuais não indicam esse resfriamento de forma consistente para 2024.
“A expectativa era de uma fase de neutralidade curta, com retorno do La Niña em julho. No entanto, já havia ceticismo quanto a isso”, afirmou Barbosa.
Consequências para o clima brasileiro
Barbosa prevê que o fenômeno deve começar efetivamente apenas em janeiro de 2025. Caso ocorra antes, os efeitos climáticos no Brasil seriam sentidos apenas no ano seguinte. Esse atraso é preocupante para regiões que enfrentam secas severas.
Durante um La Niña típico, chuvas intensas são esperadas no Norte do Brasil, enquanto o Centro-Sul experimenta precipitações irregulares, algo parecido com o que vem acontecendo agora. No entanto, com o planeta aquecido, a realidade climática está mudando. Altas temperaturas e tempos secos devem persistir no verão brasileiro.