O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro sofreu uma retração de 1,28% no segundo trimestre de 2024, acumulando uma queda de 3,5% ao longo do ano.
Esses dados foram revelados em estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, em conjunto com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Entre os segmentos mais afetados, destacam-se insumos, agrosserviços, agroindústrias e o setor primário. Como consequência, o valor bruto da produção também foi reduzido, pressionado pela queda de preços e pelas expectativas de produção.
O impacto no PIB do agronegócio reflete uma expectativa negativa para o setor. Estima-se que sua participação na economia brasileira fique em torno de 21,8% em 2024, menos que os 24% registrados no ano anterior.
Desempenho do agronegócio brasileiro cai no primeiro trimestre de 2024 – Imagem: Jenya Smyk/Shutterstock
Queda nos insumos e agrosserviços
Os insumos tiveram um declínio de 2,68% no segundo trimestre e de 8,13% acumulado no ano. Influenciados pela dinâmica industrial de fertilizantes, defensivos e máquinas, esse segmento enfrenta desafios relacionados aos preços dos produtos.
- Fertilização e corretivos de solo enfrentam uma redução de 16,87% no valor bruto de produção anual;
- Agrosserviços caíram 2,74% no primeiro semestre devido à redução em serviços de base agrícola, embora os de base pecuária tenham registrado crescimento.
Reflexos no ramo agrícola e pecuário
No ramo agrícola, a retração está ligada aos insumos e ao setor primário, enquanto o pecuário cresceu 3,78%, com expectativas positivas de produção.
A produção anual de fertilizantes deve crescer levemente, sugerindo estabilidade em meio a sanções internacionais anteriores.
Influências geopolíticas e desafios internos
Tensões no Oriente Médio já influenciam as cotações dos fertilizantes, elevando riscos para a oferta global. O aumento recente nos preços pode ser reflexo desse cenário, com potencial impacto futuro nos resultados do PIB do agronegócio.
Internamente, a compra mais lenta de fertilizantes por agricultores também afeta o setor. Até o final do primeiro semestre, apenas 70% dos fertilizantes foram adquiridos nas principais regiões produtoras do Brasil, um declínio em relação aos anos anteriores.
Além disso, a desvalorização dos grãos e do real frente ao dólar contribui para o cenário desafiador, destacando a necessidade de soluções estratégicas para o agronegócio brasileiro.