A busca por alternativas sustentáveis aos combustíveis fósseis está entre as necessidades mais prementes da atualidade.
Em meio a esta busca, os biocombustíveis surgem como uma solução viável, aliviando a emissão de gases do efeito estufa e diversificando nossa matriz energética.
Entre as inúmeras opções de biocombustíveis, a macaúba, uma palmeira nativa do Brasil, desponta como estratégica.
Pesquisas realizadas pelo Instituto Agronômico (IAC-Apta) há quase duas décadas destacam o potencial da macaúba como fonte de energia renovável.
Recentemente, Carlos Augusto Colombo, pesquisador do IAC, discutiu o papel dessa planta na transição energética. Ele destacou as suas vantagens em relação a outras oleaginosas, tornando-se uma alternativa atrativa tanto no Brasil quanto no cenário global.
O futuro dos biocombustíveis e o uso da Macaúba, palmeira brasileira – Imagem: guentermanaus/Shutterstock
Avanço dos biocombustíveis e a macaúba
Na 28ª Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (COP28), a necessidade de transição energética foi amplamente discutida. Os biocombustíveis como etanol, biodiesel e biogás são centrais nesse processo.
No Brasil, dos 100 litros de diesel consumidos, 14 são de biodiesel. A macaúba, uma oleaginosa promissora, também entra neste cenário.
Por que a macaúba?
Carlos Colombo aponta que a macaúba (Acrocomia aculeata) é uma árvore versátil, presente em cinco biomas brasileiros, incluindo Cerrado e Amazônia.
Com zoneamento agrícola favorável e capacidade de produzir dois tipos de óleos de alta qualidade e tortas alimentares, a macaúba pode ser integrada a outras culturas, sem demandar novas fronteiras agrícolas.
Originária há 20 milhões de anos, a macaúba possui características distintas, como folhas pinadas e frutos esféricos ricos em óleo.
Sua produtividade impressiona, produzindo até 8 mil quilos de óleo por hectare, superando a soja em cinco vezes. A demanda global por biocombustíveis, especialmente para aviação, é um impulso significativo para a utilização da macaúba.
No Brasil, a macaúba pode ser cultivada em diversas regiões, como o Vale do Paraíba do Sul, Cerrado paulista e Pontal do Paranapanema, graças à sua adaptação a diferentes condições climáticas e solos.
O cultivo da macaúba em áreas já utilizadas para pastagens é uma solução sustentável para atender à alta demanda futura de biocombustíveis.
Desafios e oportunidades
A domesticação da macaúba é uma das áreas de foco do Instituto Agronômico de Campinas. Colombo destaca que a falta de uniformidade genética e os desafios na colheita e processamento são obstáculos a serem superados.
No entanto, a alta demanda por biodiesel e o interesse crescente de grandes empresas, como a Acelen, indicam um futuro promissor.
Empresas estão investindo na macaúba, reconhecendo seu potencial em biocombustíveis e sustentabilidade.
Com sua cadeia produtiva de resíduo zero, a macaúba oferece oportunidades para o mercado de carbono e para aumentar a produção global de óleo vegetal, sem comprometer terras agrícolas.
Ascensão da macaúba no mercado
Empresas como a Acelen e a startup Inocas estão explorando as vantagens da macaúba, que vão desde a produção de óleo até a recuperação de solos.
A macaúba tem sido vista como uma chave para a agricultura regenerativa e produção sustentável de energia, proporcionando benefícios econômicos e ambientais significativos.
Com investimentos e parcerias significativas, a macaúba está posicionada como um pilar importante na transição para fontes de energia mais limpas e sustentáveis.
O futuro dos biocombustíveis parece promissor, com a macaúba liderando o caminho para um mundo mais sustentável.