Nos últimos anos, o termo “agricultura regenerativa” tem ganhado espaço em discussões sobre práticas agrícolas sustentáveis. Grandes corporações alimentícias, como Nestlé, Pepsi e Unilever, bem como pequenos agricultores e até surfistas, estão aderindo a essa abordagem inovadora.
Definir a agricultura regenerativa não é uma tarefa tão simples quanto parece.
A ideia central dessa prática é a regeneração do solo e do ecossistema, mas não há uma cartilha única a ser seguida. Cada agricultor escolhe o melhor caminho para seu terreno, visando um solo saudável e um ecossistema equilibrado.
Essa abordagem contrasta com o modelo industrial predominante na produção de commodities como soja, milho e carne.
Apesar da ausência de uma definição formal, a agricultura regenerativa tem atraído a atenção de diversas partes interessadas, desde instituições de pesquisa até investidores. A conscientização sobre a insustentabilidade do modelo agrícola atual e o desejo de mitigar as mudanças climáticas impulsionam essa transição.
Redefinindo a produção agrícola com a agricultura regenerativa
Embora as definições variem, a agricultura regenerativa é frequentemente associada a práticas que melhoram a saúde do solo, aumentam a biodiversidade e fortalecem a resiliência climática.
Essas práticas incluem o plantio direto, a redução do uso de insumos químicos e a introdução de sistemas agroflorestais e pecuária integrada.
As práticas regenerativas não só prometem melhorias ambientais, mas também benefícios econômicos. A redução no uso de fertilizantes químicos e defensivos biológicos pode diminuir os custos operacionais, e também há relatos de aumento de produtividade, especialmente em condições climáticas adversas.
Porém, a transição para a agricultura regenerativa não é isenta de desafios financeiros e jurídicos, bem como daqueles impostos pela falta de conhecimento sobre o assunto.
Desafios e oportunidades
Investimentos iniciais e a falta de conhecimento podem ser barreiras para agricultores. Estudos indicam que, durante a transição, pode haver uma perda de lucratividade, embora mecanismos como subsídios, prêmios de preço e programas de empréstimo possam auxiliar esse processo.
No Brasil, a regulamentação existente fornece segurança jurídica para muitas práticas regenerativas, mas a falta de uma taxonomia clara pode dificultar a implementação de políticas de incentivo.
Iniciativas legislativas, como projetos em bioinsumos, estão em andamento para preencher essa lacuna, mas o caminho ainda é longo.
A agricultura regenerativa oferece uma oportunidade promissora para repensar práticas agrícolas, alavancar benefícios econômicos e ambientais e enfrentar os desafios climáticos globais. À medida que mais produtores adotam essa abordagem, as lições aprendidas poderão impulsionar sua adoção em larga escala.