A mudança de estratégia da Danone em relação à compra de soja ganhou destaque no cenário internacional. A gigante francesa de laticínios anunciou a decisão de interromper suas operações com produtores brasileiros. Essa mudança ocorre devido às rigorosas regulamentações da União Europeia.
A legislação, que visa garantir a não utilização de commodities de áreas desmatadas, está impulsionando uma transformação no mercado. Empresas como Nestlé e Unilever também se preparam para cumprir a norma, que implica multas consideráveis em caso de descumprimento.
A Danone, desde 2023, usa 262.000 toneladas de soja para ração animal e produtos derivados. A nova política da UE, adiada para dezembro de 2023, leva a empresa a reavaliar suas fontes para evitar penalidades.
Impacto da regulamentação europeia
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O Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR) foi determinante para a decisão da Danone. Inicialmente, a expectativa era que a norma entrasse em vigor em dezembro de 2023. Contudo, a Comissão da UE propôs um adiamento de 12 meses.
Com o cenário regulatório cada vez mais exigente, a Danone optou por se antecipar às novas exigências. A empresa agora foca em rastrear minuciosamente suas fontes de soja. Jurgen Esser, diretor financeiro, afirmou que a soja asiática passou a ser a principal escolha.
Substituição estratégica
Até 2021, o Brasil contribuía com 18% do farelo de soja da Danone para ração animal. A gigante francesa busca agora ingredientes sustentáveis fora do Brasil, destacando sua preferência pela soja asiática. Apesar disso, continua obtendo soja de países como o Canadá e os Estados Unidos.
- Brasil: 18% em 2021;
- Canadá, França, Estados Unidos e Itália: Fornecedores atuais.
Consequências para o mercado global
O Brasil, maior produtor mundial de soja, enfrenta um cenário desafiador com a redução das exportações para a Europa. Estima-se que a produção brasileira atinja 170 milhões de toneladas métricas. A China, por sua vez, tem aumentado suas importações, com mais de um milhão de toneladas semanais.
Enquanto a Danone e outras grandes empresas se adaptam, o desmatamento continua sendo uma preocupação global. O presidente Lula conseguiu reduzir as taxas na Amazônia em 2023, mas o Cerrado ainda sofre com o cultivo de soja. A nova legislação europeia, no entanto, levanta questões sobre o impacto econômico para os agricultores menores.