O conceito de pegada de carbono relaciona-se à quantidade de emissões de gases de efeito estufa (GEE) associadas a uma pessoa, organização ou produto ao longo de seu ciclo de vida. Isso inclui etapas como produção, distribuição, uso e descarte.
De acordo com um recente relatório do Observatório do Clima, entre 1970 e 2021, o setor agropecuário destacou-se como o maior emissor de GEE. Em 2021, suas emissões atingiram 601 milhões de toneladas de CO2, um aumento de 3,8% em relação ao ano anterior.
Em particular, a pecuária emergiu como a principal fonte dessas emissões, respondendo por 79,4% do total. Um aumento no rebanho bovino brasileiro, que cresceu 3,1% apenas em 2021, contribuiu para esse cenário. O metano gerado na digestão dos animais, conhecido como fermentação entérica, é uma das causas.
Fontes de emissões no agronegócio
Além da pecuária, outras atividades agropecuárias também contribuem para as emissões de GEE. Solos manejados, por exemplo, representam 29,8% das emissões, resultando principalmente do óxido nitroso (N₂O). Essa substância é liberada quando dejetos de bovinos e fertilizantes sintéticos são aplicados ao solo.
A engenheira agrônoma Marina Oliveira, engenheira agrônoma, explica que “o óxido nitroso é um gás de efeito estufa extremamente potente, tendo origem nos fertilizantes nitrogenados aplicados ao solo”. Essa descrição nos oferece um vislumbre da gravidade dessas emissões.
As atividades agropecuárias são centrais na economia brasileira, mas também são altamente dependentes do clima. Paradoxalmente, enquanto contribuem para mudanças climáticas, sofrem seus efeitos negativos.
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O que fazer?
Diante dessas questões ligadas a temas como meio-ambiente e clima, entes do agronegócio brasileiro veem a necessidade de se observar alguns pontos:
- Consideração de lavouras sob plantio convencional e pastagens degradadas como fontes de emissão;
- Sistemas de plantio direto e pastagens bem manejadas como fontes de remoção;
- Compromisso internacional de 2009 do Brasil para reduzir emissões de GEE;
- Criação do Plano ABC para estimular práticas agrícolas sustentáveis.
Em 2009, o Brasil comprometeu-se internacionalmente a diminuir suas emissões de GEE. Houve um esforço para reduzir o desmatamento e adotar práticas agrícolas sustentáveis, culminando na criação do Plano ABC. Este plano visa consolidar uma economia de baixo carbono na agricultura.
Embora desafiadora, a transição para práticas mais sustentáveis no setor agropecuário é essencial. Não apenas para reduzir as emissões de GEE, mas também para garantir a resiliência do setor frente às mudanças climáticas. O futuro da agricultura depende de como enfrentaremos estes desafios.